sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PROGRAMA III - 31/05/2008 - MACHADO DE ASSIS

SHAYENNY:

Filho de um carpinteiro e uma doméstica; neto de escravos alforriados; mulato, pobre, epilético; nasce em vinte e um de junho, JOAQUIM MARIA MACHADO DE ASSIS. Criado no Morro do Livramento (Periferia Carioca), uma cidade mal-cheirosa, imunda, abandonada por Deus, composta de trezentos mil habitantes, dos quais a metade eram escravos.
Aos seis anos, presenciou a morte de sua única irmã. Quatro depois, de sua mãe. Aos quatorze, ajudava a sua madrasta a vender doces na rua, para sustentar a casa, após a morte de seu pai. Não se têm informações de que tenha freqüentado regularmente a escola, sabe-se apenas que na adolescência já se interessava pela vida intelectual da corte, trabalhando como caixeiro de livraria, tipógrafo e editor, antes de jornalista. Um grande passo para tornar-se o grande escritor que é hoje.
Machado de Assis, que cada vez mais se distanciava de Joaquim Maria, menino do subúrbio. Nas roupas, na postura, na expressão. Escrevia sobre a vida fluminense, as óperas, corridas, patinação, e muitos outros assuntos, surpreendendo por um estilo sutilmente irônico, que logo ia tornar-se marca registrada de sua obra. Suas crônicas ainda hoje têm atualidade, pois ele conseguiu extrair reflexões profundas de fatos corriqueiros, tocando a essência daquilo que observava com um meio riso de contemplação. E quase sempre esse riso trazia, implícita ou explicitamente, uma advertência.

ALEX MORAIS:
Machado seguiu uma carreira burocrática: o emprego público lhe garantia o sustento. A ascensão na carreira burocrática foi ocorrendo paralelamente a sua consagração como escritor. Oficial do gabinete do ministro, membro do Conservatório Dramático, oficial da Ordem das Rosas e, em 1889, o mais alto grau da carreira: diretor de um órgão público, a Diretoria do Comércio. Durante 40 anos Machado escreveu suas crônicas.
Entre uma crônica e outra, entre uma crítica teatral e um poema, Machado de Assis ia tecendo a parte mais importante de sua obra: o conto e o romance.
Alguns contos de Machado de Assis são de leitura indispensável: "A igreja do diabo", Cantiga de esponsais", "Singular ocorrência", "A cartomante", "A causa secreta", "Um Apólogo" e "Missa do galo". Essas narrativas revelam o universo dos temas que interessam a Machado: a loucura, a alma feminina, a vaidade, a sedução, o casamento, o adultério.
Os romances de Machado de Assis retratam a vida encarada como um espetáculo, ou mais precisamente, a vida da sociedade fluminense na época do Segundo Reinado. Espetáculo tratado de duas maneira distintas, ao longo da obra. 1.ª fase: Ressurreição (1872); A mão e a luva (1874); Helena (1876); Iaiá Garcia (1878). 2.ª fase: Memórias póstuma de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro (1899); Esaú e Jacó (1904); Memorial de Aires (1908).

EMANUELLA:

MACHADO DE ASSIS, em 1896 é um dos principais responsáveis pela fundação da Academia Brasileira de Letras, do qual é eleito presidente vitalício. Em 1904 morre Carolina, sua esposa. Quatro anos depois, Machado de Assis, consagrado como o maior escritor brasileiro, é enterrado com pompa no Rio de Janeiro. O mulato paupérrimo do Morro do Livramento tornara-se um dos homens mais respeitados do país.
Machado de Assis iniciou sua carreira literária como poeta. Seu livro de estréia foi Crisálidas (1864), que lhe conferiu imediata notoriedade. Embora sua poesia esteja muito aquém da prosa que o imortalizou, nunca deixou de escrever poemas. Em 1870 lança Falenas, em 1875, Americanas e, em 1901, as suas Poesias Completas, que ainda não incluem um dos seus mais famosos poemas, o belo soneto A Carolina, escrito após a morte da esposa, em 1904.


EMANUELLA:

CAROLINA

Querida, ao pé do leito derradeiro
Em que descansas dessa longa vida,
Aqui venho e virei, pobre querida,
Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
Fez a nossa existência apetecida
E num recanto pôs um mundo inteiro.

Trago-te flores, - restos arrancados
Da terra que nos viu passar unidos
E ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
São pensamentos idos e vividos.



EMANUELLA:

Um outro poema muito interessante também de Machado de Assis é o poema:

BONS AMIGOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!


EMANUELLA:

Entre 1872 e 1878, Machado de Assis começa a publicar romances. Ainda muito influenciado pelo amigo e mestre José de Alencar, publica, com regularidade britânica, um romance a cada dois anos. Em Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), temos um Machado ainda romântico, mas antecipando alguns temas e procedimentos de suas obras-primas realistas e, principalmente, conquistando um público leitor que já receberia sua revolução realista com boa vontade.
A mais importante fase da carreira de Machado de Assis concentra-se na trilogia de romances realistas publicados no final do século. O primeiro deles foi Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881). Depois, seguiram-se Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899).
Quincas Borba (1891) narra, na terceira pessoa, as desventuras do ingênuo Rubião, herdeiro da fortuna e do cachorro do enlouquecido personagem Quincas Borba, que já aparecia, e morria, no livro anterior. Através dessa personagem, cômica no seu despreparo para as armadilhas da corte, e trágica no seu destino, Machado ao mesmo tempo ironiza e demonstra as teorias darwinistas tão caras aos naturalistas. O ensandecido "humanitismo" de Quincas Borba, herdeiro direto da "luta pela vida" de Darwin, é sintetizado na frase "Ao vencedor, as batatas!", e acaba por ser comprovado tragicamente pela ação esperta do casal Sofia e Palha sobre o ingênuo protagonista Rubião.
EMANUELLA:
Quanto ao livro Dom Casmurro (1899), nós estaremos aqui no dia 28 de junho falando sobre este romance tão interessante. Caros ouvintes, com certeza, vale a pena ler este livro e tentar descobrir o grande mistério:
Será que Capitu traiu ou não Bentinho?
Isto é o que vamos ver...


FRASES INTERESSANTES DITAS POR MACHADO DE ASSIS:


ALEX MORAIS:

“A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal.”


SHAYENNY:

Não te irrites se te pagarem mal um benefício; antes cair das nuvens que de um terceiro andar.


RAYLANDER:

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!


EMANUELLA:
"Não precisa correr tanto; o que tiver de ser seu às mãos
lhe há de ir."


FRASES INTERESSANTES DITAS POR MACHADO DE ASSIS:

ALEX MORAIS:

"A Gratidão de quem recebe um benefício é sempre menor que o prazer daquele que o faz."

EMANUELLA:

"Trata de saborear a vida; e fica sabendo, que a pior filosofia é a do choramingas que se deita à margem do rio para o fim de lastimar o curso incessante das águas. O ofício delas é não parar nunca; acomoda-te com a lei, e trata de aproveitá-la".

RAYLANDER:

Um dos livros mais famosos de Machado de Assis é livro Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Publicado em 1881, Memórias Póstumas de Brás Cubas, apresenta as mais radicais experimentações na prosa do país até então. Narrado por um defunto, de forma digressiva e agressiva, o romance apresenta a vida inútil e desperdiçada do anti-herói Brás Cubas.
Na abertura do livro, uma dedicatória escrita sob a forma de um epitáfio anuncia o narrador desse romance inusitado, que diz assim: “Aos vermes que primeiro roeram as frias carnes do meu cadáver, dedico as minhas memórias póstumas”.
Brás Cubas, um defunto-autor que começa contando detalhes do seu funeral. Depois de algumas digressões, ele retoma a ordem cronológica dos acontecimentos, relatando a infância e a primeira paixão da adolescência, aos 17 anos, pela cortesã Marcela. Presenteia tanto a amada que o pai, irritado com o gasto excessivo, manda-o estudar Direito em Coimbra, Portugal.
Neste ponto Brás Cubas fala assim:
“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.”
Na seqüência, Brás Cubas conta toda a sua vida, até chegar ao momento de sua morte, que foi citada no início do livro.
O romance tem uma perspectiva deslocada: é narrado por um defunto, que reconta a própria vida, do fim para o começo. Brás Cubas é um sujeito sem objetivos e muito contraditório, sempre rondando a periferia do poder. Típico burguês da segunda metade do século XIX, encarna o homem que passou a vida sem conquistar nenhuma realização efetiva. Se na infância o personagem foi uma criança abastada e protegida, torna-se um jovem adulto leviano, em busca da melhor maneira de tirar vantagem.
Organizados em blocos curtos, os 160 capítulos de Memórias Póstumas de Brás Cubas fluem segundo o ritmo do pensamento do narrador. A aparente falta de coerência da narrativa, dissimula uma forte coerência interna, oferecendo ao leitor todas as informações para conhecer a visão de mundo de um homem que passou pela vida sem realização nenhuma, apenas ao sabor de seus desejos.

RAYLANDER:

O centenário da morte do escritor brasileiro Machado de Assis, considerado o maior evento de todos os tempos da literatura nacional, será comemorado durante todo o ano de 2008. No dia 19 de setembro de 2007, foi publicado no Diário Oficial da União, a Lei nº 11.522, que institui 2008 como o Ano Nacional Machado de Assis, assinada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil.
De acordo com o coordenador-geral de Livro e Leitura do MinC, Jéferson Assumção, Machado de Assis foi "um dos principais desafiadores e artistas da intelectualidade brasileira", "O centenário da morte de Machado de Assis é momento para se revisitar e iluminar um tesouro e, também, para colocarmos perguntas fundamentais à sociedade brasileira sobre nossa literatura e nossa cultura." Assumção informa que é intenção da equipe do Ministério da Cultura, encarregada de elaborar a programação da data comemorativa, transformar 2008 em um ano de celebração, rememoração e sobretudo de atualização do pensamento machadiano.

ALEX MORAIS:

Meu nome é Alex Morais da Costa e quero também contribuir com essa homenagem ao centenário de MACHADO DE ASSIS.
Um dos livros que eu li foi o livro HELENA, que é um belo romance da fase romântica de Machado de Assis. O livro conta a história de HELENA, que é conhecida como filha de um homem muito rico. Quando é levada para a nova família, ela consegue cativar a todos com sua personalidade diferente e única. Mas um mistério corre sobre seu passado e ameaça seu presente. Um mistério que seu irmão Estácio está disposto a desvendar. Helena se apaixona por aquele que pensa ser seu irmão. E é esta paixão que vai mudar a sua vida.
De uma forma bem interessante, através deste livro, Machado de Assis nos mostra a intensidade de um amor verdadeiro, as conseqüências do preconceito e os males provocados por se viver uma mentira. Para Machado de Assis o homem é sempre egoísta e passivo diante da felicidade ou infelicidade do seu semelhante.
Agora, voltando para o centenário de Joaquim Maria Machado de Assis, conhecido apenas como Machado de Assis, eu afirmo que este é realmente um brasileiro que merece todas as homenagens por ter contribuído tanto para a nossa cultura, para o nosso conhecimento, e para a nossa leitura.
ALEX MORAIS: (continuação)
Morto em 1908, o superlativo escritor brasileiro, Machado de Assis, é presença garantida nas listas de obras literárias dos principais vestibulares do país.
No dia 29 de setembro, completam-se cem anos da morte de Machado de Assis, uma oportunidade para redescobrir seus personagens, revisitar sua obra e reavaliar a importância deste escritor que sempre aparece na relação dos autores cobrados nos vestibulares. Ele é não apenas o nosso maior escritor, como provavelmente nosso maior artista, podendo ser equiparado aos grandes nomes da cultura ocidental.
Machado de Assis era mulato, gago e epiléptico, o que não o impediu de ser reconhecido, ainda em vida, como o maior nome das letras brasileiras. “Ele produziu crônicas, críticas, teatro e poesia, mas se destacou mesmo nos contos e romances. Nesses gêneros, ele é considerado um gênio”.